Não há como negar o problema da insegurança em Differdange
Escrito por Ruben em 9 de junho, 2023
A falta de segurança é uma das principais preocupações dos habitantes de Differdange. Alguns deles prevêem uma mudança no comando da terceira maior cidade do Luxemburgo, nomeadamente devido ao caso Roberto Traversini.
A falta de segurança é a principal preocupação
"A cidade mudou muito, o centro deteriorou-se e, com o novo bairro à volta de Auchan, deixou de ser atrativo. Já não há muito para além de alguns cafés, barbearias e agências imobiliárias", observa Sylvie.
Será que vai votar nas eleições autárquicas de domingo, 11 de junho? "Ainda estou a pensar em quem votar. "A criminalidade é demasiado elevada aqui e é preciso reforçar a presença da polícia e dar-lhe mais poder. Há que fazer esforços em termos de segurança e também de habitação."
Michelle, 58 anos, ainda não decidiu em que vai votar. A segurança é também uma das suas preocupações. "Tem havido bastantes assaltos no parque. Precisamos de mais polícia e câmaras. Durante o dia, está tudo bem, mas é à noite que causa problemas."
"Certos partidos, como o déi gréng e o LSAP, são teimosos em relação às câmaras e não as querem. Há tráfico de droga em Gerlach Park", diz Gaston, 61 anos, que veio comprar carne. No entanto, a instalação de câmaras faz parte do programa dos dois partidos em causa. Os ecologistas afirmam que "em breve aparecerão em locais críticos". Os socialistas prometem que serão instaladas "nas zonas residenciais consideradas inseguras (centro de Differdange, estação de Oberkorn, etc.)".
"Differdange é uma cidade agradável para viver, mas é verdade que existe um problema de insegurança, não há como negar. A população também cresceu muito nos últimos anos, o que traz aspectos positivos e negativos. Antigamente também havia problemas, mas não os víamos tanto", salienta uma moradora que vive na comunidade há 24 anos.
Um centro da cidade menos atrativo
As pessoas que encontrámos no mercado lamentaram a falta de atratividade do centro da Cidade do Ferro. É também o caso de Bernadette. "Antes, era mais agradável e havia mais lojas e ofertas. Uma lojista disse-me que estava a pensar ir embora. Pétange é uma comuna mais animada do que Differdange". Este domingo, não precisa de sair de casa para participar nas eleições autárquicas. "Já votei por correio no LSAP, como sempre", confessa a septuagenária.
Com o carrinho de bebé e a bebé, Monique atravessa o mercado para ir buscar a filha. Esta portuguesa nascida no Luxemburgo não se inscreveu para votar, apesar de estar a pensar pedir a nacionalidade luxemburguesa. "Não o fiz porque não me sentia muito preocupada, ao contrário do meu irmão. O que é que precisa de mudar na sua comuna? "É preciso encontrar um novo sistema de estacionamento na cidade, muitas vezes é difícil estacionar quando se vem fazer compras."
O impacto do caso do barracão de jardim nos Verdes
Embora Monique não vá votar, diz que vai estar atenta aos resultados no domingo à noite. "Penso que as coisas vão mudar. O caso Traversini teve um impacto negativo nos Verdes." Roberto Traversini demitiu-se do cargo de presidente da câmara de Differdange na sequência do caso do barracão do jardim. Para relembrar os factos, ele realizou obras de transformação numa parte de uma casa que herdou em Niederkorn sem respeitar as regras de urbanismo e recorrendo gratuitamente ao pessoal do Centro de Iniciativa e Gestão Local (CIGL) de Differdange, apesar de ser presidente desta organização.
Bernadette é bastante indulgente para com ele. "Estou triste com o que lhe aconteceu. Foi atirado para a água fria, apesar de ter admitido que cometeu um erro. Roberto Traversini representou algo, se voltasse a candidatar-se eu votaria nele". A deputada afirma que também votaria em Claude Meisch (DP) se este se recandidatasse. O Ministro da Educação esteve à frente do município de 2002 a 2013, antes de se juntar ao governo. "Eram pessoas que estavam próximas das pessoas", diz Bernadette. Não é o caso da atual presidente da Câmara, Christiane Brassel-Rausch: "Sim, ela me deu flores.
Para esta campanha, François (também conhecido por Fränz) Meisch, irmão de Claude Meisch, candidata-se ao PD. "Fiquei impressionado com a sua atuação na RTL na quarta-feira à noite. É verdade que, quando ele estava na comissão cultural, fez muito pela cidade".
Uma eleição muito aberta em Differdange
Sylvie acredita que a maioria da população está insatisfeita com os ecologistas que dirigem a terceira maior cidade do Luxemburgo (29 536 habitantes em 1 de janeiro de 2023) desde 2014. Nas últimas eleições autárquicas, o déi gréng obteve 35,98% dos votos, bem à frente do LSAP (19,53%) e do DP (18,6%). A atual presidente da câmara, Christiane Brassel-Rausch (déi gréng), decidiu não se recandidatar. O vereador Paulo Aguiar e Manon Schütz, copresidente do Déi Gréng Differdange, vão liderar os Verdes nestas eleições.
"Nenhum dos candidatos é conhecido e os Verdes não estão a concorrer com uma personalidade que possa atrair um grande número de votos, como Roberto Traversini poderia ter feito. Outra incerteza é saber em quem é que os estrangeiros vão votar", diz Gaston. O jogo está ainda mais aberto porque novos partidos estão a chegar a Differdange, como os Piratas e o novo partido Fokus. O pequeno partido conservador Déi Konservativ também está a apresentar uma lista.
Gaston já se decidiu? "Normalmente, misturo sempre personalidades diferentes de dois ou três partidos.
No stand do CSV, alguns transeuntes param e saem com folhetos. Mesmo ao lado, num banco, duas mulheres seguram uma taça de champanhe. Uma delas tem também um folheto dos socialistas cristãos. Serão elas membros do CSV? "Não, de certeza que não", respondem em uníssono, sem quererem comentar as eleições autárquicas. Qual terá sido o partido mais bem sucedido em convencer os eleitores de Differdange? É o que se vai descobrir este domingo à noite.